Estrutura, inaugurada em 2004, foi recuperada a partir da luta da comunidade local
Por Leon Sanguiné – leon@cidadeinvisivel.art.br
Skate envolve muita queda, adrenalina, perdas e ganhos. Mas envolve, principalmente, persistência. E foi empregando muito essa palavra que os skatistas de Pelotas (RS) reconquistaram a pista pública da cidade. Deteriorada e defasada por anos, a estrutura será reinaugurada no sábado, às 11h, com a presença de skatistas profissionais de todo o Brasil.
A pista foi originalmente construída em 2004 e funcionou por muito tempo como a principal estrutura da cidade para a prática do esporte. Porém, com o tempo e a falta de restauro foi se degradando até chegar ao ponto de ser considerada inutilizável e até mesmo perigosa pelos skatistas.
Nesse período, se intensificou a luta pela requalificação. A conquista foi celebrada em 2021, quando a prefeitura finalmente anunciou obra para recuperar a estrutura, através do investimento de R$ 1,3 milhão com recursos de emenda parlamentar do deputado federal Daniel Trzeciak (PSDB).
A nova pista, construída coletivamente dentro dos padrões da Confederação Brasileira de Skate (CBSK), tem 1.000 metros quadrados de área construída. No projeto, desenvolvido pela empresa Spot Skateparks juntamente aos skatistas, é constituído de obstáculos da modalidade street e possui também um bowl profissional público.
Tradição histórica
A ideia, com o equipamento, é levar Pelotas para a era contemporânea do esporte, após período de ostracismo – estrutural, não humano. No início da década de 2000, quando a pista pública e diversas outras estruturas privadas foram construídas, a cidade chegou a ser referência do skate no Rio Grande do Sul.
Antes ainda, em meados da década de 70, já havia a prática na região e nos anos 80 a pista popularmente chamada de Panelão, também na Praça Júlio de Castilhos, inseriu de vez o município no mapa do skatismo gaúcho e brasileiro.
Assim como a reconquista da PPP, todos esses momentos dourados foram fruto de mobilização popular, ao que o skatista Otávio Pereira de Souza, faz questão de frisar que os adeptos do esporte na cidade, de todas as gerações, foram importantes na realização do restauro. “Os anteriores trilharam o caminho, os atuais foram persistentes e a futura é quem vendeu a importância da pista para a população. Todas as etapas são importantes.”
Oportunidade
O professor Emanuel Bueno, da Nova Geração Skate, acompanhou de perto o processo, desde a etapa prévia, de lutar pela nova pista. Para ele, trata-se de um objetivo realizado. “Sei o quanto o skate é bom pra mim, para as pessoas que estão andando e pra quem está chegando. Fico feliz em saber desse legado que salvará muitas vidas e qualificará muitos profissionais que poderão viver do skate.”
Entre as pessoas que andam atualmente na cidade e vislumbram levar o skate como profissão está Marina Brauner. Aos 12 anos, a pelotense coleciona títulos e pódios nacionais e é considerada uma das apostas do Brasil para os próximos Jogos Olímpicos, em Paris daqui a dois anos. Marina cresceu em cima das rodinhas, mas sempre dependeu de rampas construídas dentro de casa para treinar em Pelotas.
“Acho que será muito importante para a minha evolução e também para aparecer novas pessoas andando na cidade. Não é todo muito que tem a possibilidade de treinar em casa.” Marina atualmente tem como foco o Skate Total Urbe (STU), torneio em que compete com alguns dos principais nomes do esporte no Brasil e classifica os atletas para fazerem parte do ranking da World Skate.
A ideia é que a PPP receba, ainda em 2022, uma etapa do circuito gaúcho de skate, um evento voltado para crianças e o torneio Mess Am.
Presenças
Além de Marina Brauner, a reinauguração da PPP receberá skatistas como João Lucas Alves, Daniel Vargas, João Vitor, Mariano Nunes, Adrian Fonseca, Flávio Gigante, Thiago Pingo, Pablo Ribeiro, Marcelo Castro e o coletivo Spliff Máfia. O evento terá também shows com Pok Sombra e DJ Cass.
