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Com foco na afrobrasilidade, Akara promove contraste cultural em Bento Gonçalves

Espaço promove aulas de capoeira e de percussão, além de sessões de cinema e teatro na Serra Gaúcha

Natalia Giacomello fundou a Akara como proposta cultural e de sustentabilidade em Bento Gonçalves

Por Leon Sanguiné – leon@cidadeinvisivel.art.br

Em meio às tarantellas italianas, surge toque de tambor, ginga de capoeira, um pouco mais de cor para gerar contraste. É a Akara, casa cultural fundada na Serra Gaúcha, com foco nas vertentes culturais afro-brasileiras e na sustentabilidade.

A Akara foi criada por Natalia Giacomello, produtora cultural e educadora nascida em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. Formada em filosofia pela PUC-RS e especialista em projetos sociais pela UFMG, Natalia é uma mulher parda, adotada por uma família branca em região onde o racismo se apresenta muitas vezes sem a menor cerimônia. Com o tempo ela entendeu a arte como uma forma de se conectar com a ancestralidade e consigo mesma, por consequência, e de fazer o lugar onde escolheu morar mais aberto para a diversidade.

O espaço funciona a partir dos princípios da sustentabilidade e se coloca como um agente das transformações sociais e ambientais necessárias no século 21. No coração da Serra Gaúcha, é lá que se desenvolvem iniciativas relacionadas com a cultura afro-brasileira, como ciclos de percussão, aulas de capoeira angola e teatro e exibição de filmes, e com sustentabilidade, como o Ekociência. Recentemente, através de edital de financiamento da empresa Marcopolo com recursos da Lei Aldir Blanc, foi possível também montar uma biblioteca aberta à população com foco nas artes, na cultura popular, na história do brasil e nas literaturas LGBTQIA+, indígena e afro-brasileira.

A capoeira é um dos caminhos da transformação que a Akara pretende em Bento Gonçalves

Com o tempo, a Akara foi se conectando a outros projetos com objetivos semelhantes em Bento Gonçalves, como o grupo de dança hip hop Nest e se consolidando como uma espécie de resistência em uma cidade majoritariamente branca, rica e padronizada pela influência europeia. Natalia, porém, evita colocar a casa como um espaço de ensinamento puro e simples. “A Akara é um local de reconexão e de trocas, muito mais interessado nas perguntas do que exatamente nas respostas. A nossa aposta é exatamente na comunicação, na educação baseada nessa valorização da ancestralidade”, comenta. 

O caminho é a ludicidade, presente tanto nos projetos artísticos da Akara quanto naqueles voltados ao meio ambiente, como fundamental nesse processo. É através da brincadeira que Natalia acredita ser possível reconectar Brasil e África com uma cidade que por vezes esquece a própria história anterior à colonização italiana. “O espaço está sempre aberto para todo mundo e apresentar essas temáticas de forma lúdica acaba aproximando muito mais as pessoas, gera essa identificação.”

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