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Ugra fortalece cena de quadrinhos em São Paulo com feira independente

  • Literatura

Editora recebe fãs e artistas dos quadrinhos em evento na Galeria Ouro Velho

131 quadrinistas, editoras e coletivos tiveram a oportunidade de expor suas produções (Fotos: @_binlz)

Por Leon Sanguiné – leon@cidadeinvisivel.art.br

Transformar os quadrinhos em um mercado sustentável é um desafio sem respostas fáceis. Demanda trabalho, isso é certo, união e coragem para fazer. Foi juntando essas três caraacterísticas, além do amor pela parada, que a editora Ugra Press juntou admiradores e fazedores dos quadrinhos em 16 de setembro para a OGRA – Feira de Quadrinhos Independentes. 131 quadrinistas, editoras e coletivos tiveram a oportunidade de expor suas produções. O Cidade Invisível entrevistou o sócio da Ugra, Douglas Utescher.

Cidade Invisível: Quais os principais desafios e delícias da produção independente de quadrinhos?
Douglas Utescher: As delícias são a liberdade criativa, a pluralidade de estilos e temas, o ato empoderador de planejar e executar um trabalho e depois apresentá-lo ao mundo. O desafio é o mesmo de sempre: fazer dessa produção algo sustentável, driblando a falta de incentivo e os hábitos viciados de muitos leitores.

CI: O que as feiras trazem de mais interessante para os quadrinhos independentes?
DU: A primeira resposta que vem à mente é o contato direto com o público. Mas também é importante salientar a oportunidade de vender e fazer circular essa produção, especialmente se considerarmos as tradicionais dificuldades de distribuição enfrentadas pelos quadrinistas independentes. E por último, algo que ficou muito evidente durante a pandemia: os eventos presenciais ajudam autorxs a estebalecer prazos para a conclusão de seus trabalhos, e consequentemente fazem com que o cenário de quadrinhos independentes se mantenha aquecido.

CI: De que forma os quadrinhos dialogam com a contracultura? Por que essa conversa flui tão bem?
DU: Os quadrinhos sempre foram uma espécie de “patinho feio” das artes. O quadrinho underground norte-americano nos anos 60 e 70 (especialmente ele, mas não somente) fez proveito disso e injetou doses cavalares de sátira, sexo, crítica social e pessoalidade nesta mídia, para escândalo dos conservadores da época. O eco destes trabalhos pioneiros reverbera até hoje, das mais diversas formas.

CI: Além da feira, quais os próximos planos da Ugra para a sequência do ano?
DU: Para quem não sabe, a Ugra também é loja (física e virtual) e editora. Temos uma série de eventos pontuais agendados na loja para os próximos meses, entre bate-papos, lançamentos e sessões de autógrafos. Além disso, devemos publicar quatro títulos novos até meados de dezembro: a vigésima nona edição dos Ugritos (nossa coleção de quadrinhos de bolso) e novas HQs do Thiago Souto, Gabriel Dantas e Xavier Ramos.

CI: Como fazer com que a grande quantidade de editoras e lançamentos de quadrinhos se torne um mercado sustentável?
DU: Eis a pergunta de um milhão de dólares! Não seria possível resolver essa questão com apenas uma ação, na nossa opinião, mas sim com a combinação de diversas ações. Uma delas é mostrar para as pessoas que existe quadrinho para todo mundo. Quadrinhos não são “coisa de nerd”, não são propriedade de um grupo específico, tampouco se resumem apenas a super-heróis, mangás e Turma da Mônica. Tudo isso tem seu mérito, obviamente, mas é apenas o topo do iceberg. Na imensidão de possibilidades dos quadrinhos, qualquer pessoa conseguiria encontrar o “seu” quadrinho. E, para finalizar vendendo meu peixe, feiras como a OGRA são ótimas para isso!

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