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Brasa Editora colhe frutos de aposta em quadrinhos brasileiros com conteúdo

Selo gaúcho projeta novos lançamentos e comemora o prêmio de álbum do ano no CCXP Awards para “Brega story”, de Gidalti Jr.

“Brega story”, de Gidalti Jr., venceu o CCXP Awards na categoria álbum do ano (Foto: Reprodução)

Por Leon Sanguiné – leon@cidadeinvisivel.art.br

De Porto Alegre, nasceu no ano passado uma editora destinada a valorizar o quadrinho nacional de qualidade e com muito a dizer. É a Brasa, que com menos de um ano no mercado já tem lançamento premiado: Brega story, de Gidalti Jr., que levou  CCXP Awards como álbum do ano. Todos os lançamentos estão com frete grátis no site

A Brasa é capitaneada por um casal. Sandro Gomes, o S. Lobo, é um dos principais editores do mercado editorial de quadrinhos no Brasil. Entre os trabalhos de Lobo estão participações em livros de autores como Millôr, Jaguar, Nani, Casseta Popular e Planeta Diário, Rafael Grampá, André Dahmer, Allan Sieber, Flavio Colin e Rafael Coutinho, entre outros. Também protagoniza a editora a designer Samantha Desimon, que trabalha na coordenação criativa, orientando as produções gráficas e audiovisuais do selo e pesquisando o mercado.

Com experiência nos quadrinhos, Samantha e Lobo investiram na criação do selo independente Brasa (Foto: Reprodução)

Lobo dirigia a Barba Negra e, desde o fim desta em 2012, não editava com continuidade. “Numa dessas editei o Castanha do Pará, do Gidalti, álbum vencedor do primeiro Jabuti da categoria quadrinhos, em 2017. De lá pra cá, comecei a me organizar para começar a Brasa”, conta. 

“Lovistori” foi escrito por Lobo e desenhado por Alcmar Frazão (Foto: Reprodução)

Na curta trajetória, a editora já tem quadrinho vencedor do CCXP Awards como Melhor Álbum: Brega story, de Gidalti Jr., que levou o prêmio na última semana. A obra, ambientada no universo da música de Belém do Pará, segue a trajetória do músico Wanderson Nunes e as batalhas para se adaptar às mudanças trazidas pelo tempo e a negociação com DJs de aparelhagem, músicos e políticos locais.

Também faz parte do catálogo o romance gráfico Lovistori, escrito pelo próprio Lobo e desenhado por Alcimar Frazão. O quadrinho conta a história de amor, ambientada em Copacabana, entre a travesti Sereia e Paixão, um policial militar. A trama coloca em pauta o preconceito, a transfobia e a violência sofridas pela população LGBTQIAP+. 

O lançamento mais recente da editora é Barrela, adaptação do texto teatral homônimo do dramaturgo brasileiro Plínio Marcos em formato de quadrinhos. A HQ é desenhada por João Pinheiro. A história se passa no submundo do Brasil e é uma denúncia do descaso e da violência do sistema carcerário do país.

Evolução e desafios

Experiente como editor e escritor, Lobo acompanhou todas as transformações dos quadrinhos. Os viu secar nas bancas e, bem depois, renascer nas livrarias. De lá para cá, acredita, houve avanços importantes, como o barateamento das impressões offset, a criação de impressoras de baixa tiragem e a evolução da internet, com as redes sociais e as plataformas de financiamento coletivo.

Não significa, entretanto, que não haja desafios. E na visão de Lobo, eles são para os quadrinhos os mesmos de qualquer empresa do setor cultural no Brasil. “Sofremos com a falta de leitores e com o baixo investimento do governo em educação. Vivemos eternamente em guerrilha.

Um câncer no caminho

Ainda que já receba reconhecimentos, a Brasa é uma editora independente e que engatinha financeiramente. Não ficou mais fácil recentemente quando Samantha descobriu um câncer e foi preciso gastar as economias no tratamento. 

Para cobrir os custos, o casal conta com a qualidade dos quadrinhos editados. Todos eles estão sendo vendidos com frete grátis no site da Brasa.

Próximos passos

A próxima aposta da Brasa já está com o pé na rua. É o financiamento coletivo para T0sko, Tarde demais pra desver. Trata-se de coletânea dos quadrinhos publicados por T0sko no Instagram, além de materiais inéditos.

Lobo afirma ser difícil apontar algum quadrinho histórico que gostaria de editar pela Brasa. Por ora, está feliz com aqueles que vem publicando. “Quem sabe algum deles não fica pra história?”

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