Músico lançou novo disco recentemente e concedeu entrevista ao Cidade Invisível
Por Leon Sanguiné – leon@cidadeinvisivel.art.br
Valentin quer correr o mundo e mostrar a importância da arte e de democratizar o acesso e a produção dela. É com esse propósito e essa teimosia que o músico lança um novo disco, A cidade, em que dialoga com os aspectos pertinentes ao ambiente urbano. O trabalho já está disponível nas plataformas digitais e o artista concedeu entrevista exclusiva ao Cidade Invisível.
A Cidade dá sequência a um projeto iniciado em 2010, com o disco Eu, Valentin. Depois vieram Salvem o relógio da torre (2011) e Em frente (2012). Nos dez anos que separam os dois últimos trabalhos, o músico focou no lançamento de EPs como Reparando o Salto (2019) e os singles Carnaval , Uni-vos!, Moradia Popular e Meu Coração. Confira abaixo a entrevista completa.
Cidade Invisível: O que o novo disco representa na tua carreira? O que ele tem de ruptura e de sequência?
Valentin: Esse disco significa uma curva na estética sonora e na temática do projeto. Os arranjos agora com um espectro mais amplo de cor com guitarra, baixo e bateria pesaram junto com as temáticas que saíram do aspecto apenas existencial e passaram também a uma camada política. Depois de um certo tempo desde o lançamento e mais algumas apresentações também, percebo que os ouvintes sentiram também essa curva, essa mudança. Eu fico na expectativa ainda de entender até que ponto conseguimos manter a comunicação com essas pessoas numa mesma frequência.
CI: De que forma as cidades podem ser inspiradoras para a música?
VA: A cidade, pra mim, é onde a maioria das dinâmicas do sistema capitalista se realizam massivamente. Obviamente que as zonas rurais sofrem em igual intensidade as consequências da máquina de moer mundo mas até onde entendo, é na cidade que as pessoas como eu e você experienciam cotidianamente essa relação. E aí, pra um observador atento, tem um caldo denso de situações que podem ser abordadas. Eu gosto de fazer isso de maneira crítica e às vezes quase caricata até pra deixar bem evidente meu viés de observação.
CI: O que te faz manter a teimosia de seguir com o projeto?
VA: A vontade de correr o mundo. De duvidar que a arte é exclusiva para os artistas. De pensar que mais pessoas comuns precisam entender que as artes devem ser respeitadas como um ofício mas não necessariamente precisam ser um ofício e isso não torna essa expressão artística menos legítima.
CI: Quais os planos do projeto para 2023?
VA: Existem vontades mas não existe um plano. Minha vontade tem sido sempre a de tocar pelos mais diversos lugares e levar as canções pra longe de casa e a nova configuração coloca alguns desafios logísticos que são complicados de serem vencidos, mas seguimos perseverantes nessa questão também.
CI: Como tem sido a recepção do disco até aqui? Como foi o ano de 2022 para ti?
Como falei anteriormente, estamos sentindo e entendendo ainda as reações e a recepção das pessoas que sempre ouviram o projeto desde sua primeira fase. Reação essa que é diferente das pessoas que estão chegando agora e que conhecem primeiro esse disco. Nesse último caso, a recepção a ele tem sido muito legal, mas obviamente ainda dentro de um processo de aproximação com o projeto.