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Cearense Vanessa Passos leva o 6º Prêmio Kindle de Literatura

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Escritora e professora de escrita literária, autora de A filha primitiva espera encorajar outras mulheres com o feito

Escritora concorreu com mais de mil obras no concurso e dedica o prêmio às escritoras brasileiras contemporâneas (Foto: Paulo Henrique Passos)

Por Leon Sanguiné – leon@cidadeinvisivel.art.br

Uma escritora jovem, nordestina e cearense, é a vencedora do 6º Prêmio Kindle de Literatura. Com a conquista, celebrada a partir do romance A filha primitiva, Vanessa Passos, natural de Fortaleza, ganha mais do que os R$ 50 mil em dinheiro e a possibilidade de ter a obra publicada pela Record: recebe a possibilidade de encorajar suas semelhantes a acreditar nos sonhos e no próprio talento.

Vanessa tem 28 anos e além de escritora trabalha como professora de escrita literária, consultora literária e produtora cultural. Doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC), já teve textos vencedores em diversos concursos e participou de várias antologias. Antes de A filha primitiva, escreveu Manual de estilo e criação literária com a artesã Lygia Bonunga (Letramento, 2018), Fábrica de histórias (Independente, 2019 e A mulher mais amada do mundo (Luazul, 2020).

A filha primitiva, seu romance de estreia, demorou quatro anos para ser escrito e passou por 11 versões até ser finalizado. Pelo empenho, a primeira pessoa de quem Vanessa lembrou ao ser anunciada como vencedora do prêmio foi o marido, o também escritos Paulo Henrique Passos, pelo acompanhamento. O livro conta a história, ambientada em Fortaleza, de três gerações de mulheres – avó, mãe e filha – unidas pela dor e pelo abandono, separadas pela fé e pelos segredos que guardam. A avó esconde quem é o pai de sua filha. A mãe branca escreve para preencher as lacunas da vida e rejeita a maternidade. A mais nova das três recebe essa raiva e nasce sentindo a dor de ser mulher.

A obra é escrita com crueza na linguagem e é calcada no real. Tê-la reconhecida em um concurso nacional é significante em diversos sentidos, aponta Vanessa ao Cidade Invisível. “É uma escritora cearense e nordestina concorrendo com mais de mil obras e abrindo esse caminho para as autoras que estão fora do eixo Sul-Sudeste poderem ter suas obras publicadas e lidas. Traz temáticas relevantes e personagens que estão à margem, personagens negras e que sofreram violências e vivenciaram a desigualdade que o Brasil vive. Fico muito feliz de poder representar o Ceará e o Nordeste, abrir estes caminhos e alcançar essas pessoas.” Antes mesmo da condecoração, o livro já contava com mais de 500 avaliações na Amazon.

O livro é dedicado, oficialmente, às mulheres que inspiram diariamente Vanessa a escrever: à mãe, Simone, e à filha, Isabela. Mas, a trajetória de conquistas de A filha primitiva, como uma obra ambientada em Fortaleza e escrita com base na oralidade, a faz ser dedicada também a quem deseja colocar os escritos próprios no mundo e ter o reconhecimento ainda em vida. “Esse prêmio vai para todas as mulheres escritas contemporâneas. Que possam ter a coragem de não se silenciar. Não precisamos morrer para sermos lidas.”

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